quinta-feira, 16 de abril de 2009

Boys e Girls… Olhe que não!..Olhe que não!

Ainda sou do tempo em que a vida laboral “isenta” dos trabalhadores era tratada no Centro de Trabalho do Partido Comunista, no Largo 4 de Outubro, em Loures. Não sendo este, com certeza, o espaço mais “isento” para o efeito, ao invés do local que agora é proposto pela Secção de Acção Sectorial do Partido Socialista do Município de Odivelas, numa sala dos Paços do Concelho: espaço esse sim, aberto a todos os trabalhadores da Câmara de Odivelas, onde se pretende que para se ser ouvido e considerado trabalhador não seja necessário adquirir determinados objectivos, tal como antigamente eram apresentados sub-repticiamente e que de seguida relembro:

1º Ainda sou do tempo em que para se ser considerado trabalhador, começava por ter de comprar o Jornal do Avante;

2º Ainda sou do tempo que para ser considerado trabalhador, era recomendado tornar-se sócio do Stal-In;

3º Ainda sou do tempo em que para se ser considerado trabalhador, tinha de se contribuir para a reconstrução do Hotel Vitória;

4º E, ainda sou do tempo em que nos dias de greve fechavam as portas aos trabalhadores para os obrigar a aderir à greve.

Depois de ultrapassadas todas estas etapas, “totalmente isentas”, integradas na vida laboral, surgia a proposta para militante do PCP e, então, aí sim, estavam reunidas e cumpridas as exigências para se ser considerado trabalhador, privilégio aceite e adquirido por alguns, mas, como é óbvio, perdendo a sua independência.

Após adquirido este estatuto de trabalhador “exemplar” de forma “isenta”, participava-se então nos concursos de promoção profissional onde, nas entrevistas, para além do júri de concurso, estava também presente sempre um delegado sindical ou dirigente do Stal-In, de forma a poder garantir a “isenção” pretendida na desejada promoção. Felizmente, todos esses tempos já pertencem ao passado!

No tempo presente, sim, há e pode haver uma grande razão para que este atendimento, proposta pela Secção Sectorial do PS, seja realizado num espaço que é de todos e para todos, relembrando alguns e informando outros de um passado recente que, por um total marasmo, deixou o território de Odivelas estagnado por 20 anos, durante a gestão Comunista.

Felizmente, após 10 anos de gestão Socialista, já não é necessário ir de burro, mas sim de metro para Lisboa e onde não é necessário ultrapassar todas as etapas laborais “isentas”, atrás mencionadas, para se ser considerado alguém, livre.

Por último sim, há e pode haver outra grande razão, para fazer sentir que não foi em vão que qualquer trabalhador desta Câmara Municipal, contribuindo para o engrandecimento da terra onde nasceu, da terra onde reside ou somente, mas não menos importante, a terra onde trabalha, possa sentir-se alguém, sem que para isso lhe seja exigido ultrapassar etapas tão rigorosas, idóneas e “isentas”, mas de pouca ou nenhuma liberdade de expressão.

No que respeita à utilização de instalações municipais para receber os trabalhadores, compete também esclarecer que o Stal-in / PCP já possui instalações municipais cedidas pela Sr.ª Presidente da Câmara, Dra. Susana Amador, com carácter permanente, para puderem utilizar durante o tempo e forma que desejarem. Mas é de realçar que, pelo menos que se saiba, o último comício político efectuado pelo PCP, que contou com a presença do seu Secretário-Geral, teve lugar nas instalações do Edifício Polivalente de Odivelas, que são instalações da Junta de Freguesia de Odivelas, e que as instalações Municipais da Biblioteca D. Dinis, o Auditório do Edifício dos Paços de Concelho, o Auditório do CAELO, o Auditório do Centro de Exposições e outros, têm sido cedidos, sem qualquer obstáculo.

Como a célula de trabalhadores do PCP do Município de Odivelas sabe, ainda que não queira admitir, no nosso município, com o PS, e em especial com a Sra. Presidente Susana Amador, a dignidade e o respeito por todos, independentemente das suas opções, simpatias ou escolha, é uma garantia tão clara e evidente que só por má fé ou desatenção se quer fazer crer que há trabalhadores de primeira e de segunda.

Eu ainda sou do tempo em que trabalhava num meio com discriminações. Mas hoje, na Câmara de Odivelas, há respeito e consideração por todos.

Luís Filipe Duarte

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