quinta-feira, 2 de abril de 2009

Padrão errado

O desemprego é uma das chagas sociais que mais perturba a vivência em sociedade. Desde logo, por que restringe a liberdade de cada um, pondo em causa compromissos e responsabilidades que ao não ser cumpridas desestabilizam emocionalmente quem é apanhado nessa situação, condicionando a liberdade de viver democraticamente, como cidadão de plenos direitos.
É, também, comum dizer-se que o desemprego atinge, duramente, os que já ultrapassaram a barreira dos 40 anos. Isto porque assumiram mais responsabilidades perante a vida, tendo a seu cargo despesas adicionais e essenciais para viver ou em alguns casos para sobreviver.
Além disso, devido ao modelo de sociedade em que vivemos, torna-se injustamente mais difícil conseguir trabalho nessa idade do que na casa dos 20 ou 30 anos. Que também já as sentem. Creio, portanto, que aqui é que está o cerne da questão. O mercado, nos nossos dias, prefere gente mais nova para lugares que à partida seriam, de certeza, desempenhados com mais sabedoria e conhecimento por trabalhadores com mais idade. A questão não está, pois, em “desprezar” a juventude, que naturalmente fará o seu caminho, mas sim em respeitar quem merece ser valorizado, independentemente da idade de cada um.
No meu entender, o desemprego de longa duração, sobretudo, numa idade já mais avançada da vida torna-se num problema a triplicar: primeiro porque se fica sem trabalho, segundo, devido à idade, é mais complicado voltar ao mercado, e, terceiro, porque o actual modelo de sociedade permite que pessoas, na plenitude das suas funções, capazes de fornecer mais valias em diversos postos de trabalho, sejam colocadas à margem, contribuindo para o empobrecimento do tecido empresarial e, simultaneamente, do próprio País.

João Freches

Sem comentários: